Em caminhada solo, Alf (Rumbora) fala sobre falta de união do rock: “mesquinharia”

Sintonizar a MTV no finalzinho da década 90 significava ver um bom punhado de bandas e clipes nacionais. No meio dessa onda estava o Rumbora, que emplacou sucessos como Chapirous e Skaô do álbum 71 (1999) e O Mapa da Mina, do disco Exército Positivo e Operante, lançado no ano seguinte.

Hoje, treze anos depois desse estouro, um destes soldados do rock nacional segue positivo e operante. Alf, que lançou o bom clipe O Sol Saiu, conversou com o blog sobre a empreitada “solo” e sobre o momento do rock nacional.

Fale um pouco sobre o clipe.

Todo o conceito do novo projeto envolve contraste e foi criado em cima de um ciclo. Luz e sombra, dia e noite, vida e morte aliados à sexo, psicodelia e rock’n’roll dão o tom. A música e o clipe de O Sol Saiu dão o início à essa jornada. Ano passado, eu e o Felipe Brito da Formiga Design começamos a conversar sobre fazermos um clipe usando o video mapping, técnica que ele é especialista. Na época iria ser para outra música – Na Cadência do Oceano – (ainda não lançada), mas, por causa das agendas acabou não acontecendo. Há um mês atrás, durante o lançamento de O Sol Saiu, um outro parceiro sugeriu fazer o clipe envolvendo o pessoal da www.facebook.com/ALFfanpage onde eles enviariam fotos via Instagram inspiradas na música. Foi aí que uni os pontos. Usar as fotos enviadas mais todo o conceito de luz e sombra, psicodelia, calor e sensualidade com, e através, do mapping do Felipe. O pessoal da produtora Cinebox abraçou a causa e mais um parceiro de longa data se uniu ao time, o fotógrafo Patrick Grosner. Daí foi instantâneo. Gravamos tudo em 2 dias. No 1º filmamos, na sala da Cinebox, “a banda” usada para as projeções. No 2º filmamos o clipe em si, em um hospital desativado que tinha uma vibe bem louca. Estava semi-demolido e sem luz, tive que alugar um gerador porque não dava pra enxergar um palmo à frente nem em pleno meio-dia. Acabou dando uma liga a mais na vibe da filmagem. Todos ficaram tão pilhados que em 20 dias o clipe estava completamente pronto. Na segunda-feira às 16h postei na fanpage e as pessoas imediatamente começaram a compartilhar e comentar. Todos parecem honestamente excitados. Tem sido muito gratificante todo o suor investido nesse projeto.

Quais são as vantagens e desvantagens de se fazer um trabalho solo?

Sempre tive e sempre quis ter banda. Essa nova situação é estranha. Apesar de fazer tudo, é como se “Alf” fosse o nome de um projeto. É difícil encontrar um grupo de pessoas com o mesmo objetivo durante um longo espaço de tempo. Incluindo a mim. Sou muito inquieto e preciso de novidades. Sou workaholic também, então uma das vantagens é que posso realizar e decidir coisas o tempo inteiro sem muitos dilemas e embates. Posso experimentar e tentar toda e qualquer viagem que passar pela minha cabeça. Por outro lado muitas vezes é extremamente solitário e cansativo pois a responsabilidade de tudo recai sobre você. Não acho que seja melhor ou pior, são caminhos distintos com seus prós e contras. Mas, apesar de ser um projeto meu, ao vivo somos uma banda. Todo mundo junto. Nada daquela distinção horrível no palco. Estou com uma galera animal comigo. O Thiago Corteletti do Projeto Macaco somando nas guitarras, Pedro Souto do Cassino Supernova no baixo e Iuri Rio Branco na bateria. Tá gigante.

Você faz parte de uma geração muito rica do rock, onde o movimento tinha uma força muito grande. hoje a coisa está meio parada e rendida ao sertanejo, funk e etc. o que precisa ser feito?

Uma diferença gritante entre os artistas desses estilos e o rock é a união de forças. O pessoal do axé e do sertanejo, principalmente, sempre se fortaleceu tocando juntos, cantando músicas uns dos outros em trios elétricos e etc. Fiz um pouco disso com as bandas que participei, mas a grande maioria das bandas de rock fica presa à mesquinharias e acaba perdendo muito com isso. Andorinha só não faz nem verão, nem inverno, nem estação alguma. Mas, tenho visto um ressurgimento de interesse no rock ultimamente. Espero que seja bem aproveitado.

Como está o cenário independente? o que é bom e o que é ruim em uma empreitada desse tipo?

Nos últimos 3 anos me concentrei em Brasília e posso dizer que a cena aqui está incrível. O bom é a total liberdade, o ruim é a falta de grana. Por não termos muita exposição, lidamos com a preguiça generalizada em conhecer novidades. Mas, estamos todos aprendendo a cuidar de nossas carreiras e a batalhar por si sós. Hoje em dia temos um número razoável de casas pra tocar, a internet para lançarmos o que quisermos, bandas criando seus próprios festivais, caso do Porão do Rock que sou um dos fundadores, e espaço nas rádios locais. Sou um dos realizadores do Programa PDR veiculado pela rádio Transamérica em Brasília e injetamos o rock no dial daqui. A emissora acabou abraçando a causa tocando rock em todo seu horário local e a audiência subiu 40%. Também realizamos, todas as quartas-feiras em um pub, as Noites PDR, só com bandas autorais. Não tem segredo. Como diria o Galinha Preta: Vai trabalhar vagabundo! rsrs

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