OSMAR PORTILHO (direto do Rio de Janeiro)
O ator principal é sempre o mais visto no filme.
Seu personagem dita o tom do roteiro.
É ele que fica com a mocinha.
Enquanto o papel principal recebe um jogo ganho, cabe ao ator coadjuvante se destacar. Chamar o holofote para si, mesmo que por pouco tempo, e cativar.
Em festivais é a mesma história.
Temos os headliners e temos as outras bandas.
Nas três primeiras noites do Rock in Rio 2013, o papel principal ficou com Beyoncé, Muse e Justin Timberlake. Os três são artistas consagrados, têm seu público e sabem montar um show de acordo com a demanda.
O que fez falta são os coadjuvantes, que apareceram pouco.
Se no filme O Poderoso Chefão (1972) Marlon Brando disputava a tela com Al Pacino e James Caan, este não foi o caso do Rock in Rio.
Foram poucos momentos de brilho vindos das atrações “secundárias”.
Faltou o momento onde dizemos: “mas essa banda deveria estar no palco principal”.
Não precisamos ir muito longe para ter um exemplo de como é essa relação coadjuvante X headliner. No início do ano tivemos a segunda edição do Lollapalooza. Pergunte ao Black Keys como foi a pressão de subir ao palco depois de um show intenso como foi o Queens of the Stone Age.
MANDOU BEM
BNegão e Autoramas – Montaram um setlist confortável para os dois. Fizeram um show empolgado, pesado e orgânico. Rock bom e honesto bom de ver. Tocaram cedo demais no palco Sunset. Encarariam um espaço melhor facilmente.
Ivete Sangalo – Impossível questionar a capacidade de Ivete de roubar os fãs de outra atração (Beyoncé) e comandar temporariamente uma massa que não é 100%. Aí sim um coadjuvante de sucesso.
George Benson + Ivan Lins – Dois monstros da música que não precisam de introdução. Repetiram o show histórico que fizeram no primeiro Rock in Rio com uma dose extra de experiência e química.
Alicia Keys – Um bom show pop que caminha pela vertente mais orgânica da coisa. Vocal incrivelmente potente, carisma e uma banda que não arreda o pé do groove. No entanto, ao assumir o palco após Jessie J, esta que ganhou o público com clima de balada, a apresentação ficou morna na Cidade do Rock.
MANDOU MAL
Escalação do Living Colour – Um baita show de uma banda que eu gosto muito. Mas o dia foi errado. O público de David Guetta e Beyoncé não sabe quem é Vernon Reid e Corey Glover. Quem pintou por ali se assustou com o peso da guitarra e foi embora com seu sapatênis. Deveriam ter tocado em outro dia.
The Offspring – Punk? Sei não. Depois de fazer exigências aos fotógrafos que deixariam Beyoncé com inveja, o grupo fez um show burocrático. Uma música pesada, uma farofa, uma pesada, uma farofa, até o fim. Um jeito muito fácil de se livrar de um show. Não bastasse isso, ainda improvisaram uma música com Marky Ramone e Dexter Holland sequer decorou a letra. Desnecessário.
Florence and the Machine e Thirty Seconds to Mars – Ambos já possuem seu público, mas isso não basta para um festival destas proporções. Manter o interesse de 85 mil pessoas significa abrir mão de algumas firulas do seu show “para fãs” e montar um setlist que seja interessante o tempo todo. Muita conversa, muita enrolação e pouca música.
Mais quatro dias
Resta saber quem irá produzir alguma competição para nossos headliners. Já na quinta-feira (19) temos um páreo interessante. O mais do que consolidado Metallica terá a companhia de Alice in Chains, Rob Zombie e Sepultura. Os quatro dias finais de Rock in Rio ainda terão Iron Maiden, Slayer, Bruce Springsteen, John Mayer e Bon Jovi.
Por +Osmar Portilho
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